Para sempre — dedicado a Dona Amélia
Meu pai morreu muito cedo. Minha mãe, quando eu já era mulher feita, também mãe, independente. Porém, foi somente ali que me senti órfã. Cheguei agora do Rio e soube da morte de dona Amélia, mãe, viúva, que criou seus cinco filhos, pode vê-los crescer, ter seus frutos e seguirem seus caminhos sem, no entanto, esquecerem o amor materno. Aos filhos, Sandra (minha ex-professora), Dr. Arnaldo, Magdala, Luiz Fernando e Laura, netos e demais familiares, minha solidariedade.
Para sempre
(Carlos Drummond)
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.