Psicóloga e diretora do Comdin, Lívia Enes analisa violência contra a mulher
Maria Laura Gomes 08/07/2019 07:53 - Atualizado em 10/07/2019 13:39
Isaías Fernandes
Psicóloga e diretora do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Lívia Enes foi a convidada da primeira edição desta segunda-feira (8) do programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3. Entre outros assuntos, a psicóloga analisou questões relacionadas ao feminicídio, ao movimento feminista e comentou, também, sobre futebol feminino.
Em relação ao último feminicídio ocorrido em Campos, que vitimou a professora Regiane da Silva Santos, de 36 anos, Lívia explicou que, muitas vezes, em casos como esse, a mulher tem uma esperança de que o homem vai mudar e acaba não respondendo aos sinais, dados pelo parceiro, de que aquela relação é abusiva.
— É importante a gente ressaltar que o feminicídio é o fim da linha de um processo que se inicia de uma relação abusiva, que muitas vezes é confundida com paixão. Tem uma história que ela (Regiane) já havia deixado uma carta. Ela tentou se separar dele, e é um processo que é muito comum. Muitas vezes, a mulher tenta sair da relação e não consegue, seja por questões de dependência financeira ou dependência emocional. Porque o homem abusivo menospreza, ele faz com que a mulher se sinta mesmo um traste. Então, quando a mulher legitima essa separação, resolve que acabou, esse movimento é comum — analisou Lívia.
Questionada se o feminismo, nos últimos anos, adquiriu um aspecto de desprezo ao homem, Lívia afirmou acreditar que o movimento tem várias formas de se manifestar:
— Essa coisa da feminista ser aquele protótipo da mulher do cabelo no sovaco e tal, isso não existe. Cada feminista tem seu ponto de vista, que é defender os direitos da mulher e legitimar, mas cumprindo também com os seus deveres, como em qualquer situação ética. Não tem nada a ver com ter ódio do homem. Eu acho que alguns segmentos talvez possam passar essa imagem, mas não é o objetivo do feminismo. O objetivo é buscar uma relação de equilíbrio e de respeito. O homem tem que respeitar a mulher, assim como a mulher tem que respeitar o homem. Só que, a partir do momento em que você cresce já sendo ensinada que você é que tem que respeitar o homem, alguma coisa está fora da linha.
Outro ponto abordado durante a entrevista foi a mulher no futebol. Um dos aspectos da discussão sobre o assunto está relacionado à diferença de salários pagos às jogadoras e aos jogadores. Para Lívia, o futebol feminino está ganhando o seu espaço, mesmo que lentamente.
— O futebol feminino ainda não está pareado com o masculino, em termos de interesse coletivo. Eu entendo que se a Marta dedica o mesmo tempo, o mesmo suor, o desejo de ser a melhor e de fazer o feminino pertencer dentro do futebol, por que não ganhar igual? Não tem como obrigar o mercado a pagar o mesmo para o homem e a mulher. Tem que fazer o que a Marta está fazendo: conquistar o mercado para que ele reaja ao que ela está fazendo e reconheça o trabalho dela. O movimento dela é legítimo em prol do pertencimento, e eu acho que é um caminho. Estamos evoluindo — finalizou Lívia.
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