Greve dos caminhoneiros ameaça serviços básicos em Campos e em SFI
23/05/2018 09:21 - Atualizado em 24/05/2018 16:37
  • Terceiro dia de greve dos caminhoneiros

    Terceiro dia de greve dos caminhoneiros

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    Terceiro dia de greve dos caminhoneiros

O clima é de desabastecimento da Era Sarney, lá na década de 80, no pós-ditadura militar. A verdade é que o incômodo maior chegou ao Planalto. Nesta quarta-feira (23), o presidente Michel Temer pediu trégua, mas a greve dos caminhoneiros entrou em seu terceiro dia. Em Campos teve adesão — os motoristas mantêm os caminhões parados no km 75 da BR 101 e postos próximos. O ato provocou falta de produtos na região, como combustíveis e hortifrutigranjeiros e levou prefeituras a suspenderem temporariamente alguns serviços. Na noite desta quarta, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, anunciou a redução de 10% no diesel nas refinarias e disse que vai manter a redução por 15 dias, tempo esse, para que o governo converse com os caminhoneiros.
“Fui abastecer meu carro no posto do Turfe, ontem (terça) à noite, e acabou o álcool na bomba”, contou o técnico em elétrica Jeferson Braga. O desabastecimento poderá afetar, também, o transporte público na cidade. A informação foi confirmada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários. A Auto Viação 1001 comunicou, por exemplo, que algumas viagens da empresa poderão ser canceladas, até a normalização do fornecimento de combustíveis.
Os caminhoneiros, que afirmam que a greve é irreversível até que o preço do diesel baixe, ganharam o apoio da população e recebem doações de alimentos e produtos de higiene de representantes da sociedade civil e empresarial. Pelo balanço foram 23 estados e o Distrito Federal com vias bloqueada.
— Não é mais paralisação; é greve, que será mantida em todo o país enquanto a resposta do governo for essa que estamos percebendo: desprezo para uma causa justa, que é em defesa de toda a população — destaca o presidente da Associação de Apoio aos Caminhoneiros do Rio de Janeiro (Ascam), Waldemar Soares.
O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários, Davi Lopes, disse que, se a situação continuar assim, há grandes chances de que os ônibus parem em Campos.
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Ainda em Campos, a Companhia de Desenvolvimento do Município de Campos (Codemca) informa o Posto de Abastecimento de Aeronaves (PAA) da BR distribuidora não recebeu o carregamento de combustíveis. Sendo assim, o abastecimento para a aviação ficou comprometido, não sendo suficiente para um dia inteiro de voos no Aeroporto Bartolomeu Lisandro. Para esta quinta-feira (24), a CHC transferiu os voos para o aeroporto de Macaé e a Líder só tem previsão de um embarque na unidade Campos. A Codemca aguarda informações da empresa Azul com relação a sua operação.
O Sistema Firjan também voltou a divulgar nota alertando sobre os agravos da paralisação sobre a indústria fluminense e há casos críticos, como na indústria de alimentos e vidro. “A solução para este impasse, porém, não pode se dar via aumento de impostos. Afinal de contas, esse é o efeito prático na hipótese de uma redução da CIDE ser compensada pela reoneração da folha de pagamento das empresas. Isto iria afetar toda a indústria, que voltaria a pagar aproximadamente R$ 11 bilhões anuais em impostos. Este montante equivale à remuneração de 520 mil empregados dessas atividades que hoje estão desoneradas, ou 7% da folha total”, defendeu a Firjan.
Campos e SFI tomam medidas urgentes
As Prefeituras de Campos e São Francisco de Itabapaona divulgaram nota informando que estão acompanhando o movimento dos caminhoneiros. O município de Campos já toma algumas medidas para minimizar os efeitos sobre os serviços prestados em seus diversos setores, principalmente os essenciais, como: Educação, Saúde, Transporte e Limpeza. Um planejamento está sendo realizado para evitar que a população seja afetada, o que depende do tempo de duração da mobilização.
“Na Educação há um risco iminente de suspensão temporária das aulas em algumas unidades devido ao abastecimento de água, feito através de caminhão-pipa. A secretaria de Educação acompanha ainda o fornecimento de alguns produtos não perecíveis destinados à merenda escolar. No setor de Transportes, há racionamento e a prioridade é o abastecimento de veículos da área da Saúde, para atendimentos de emergência, até que a situação seja normalizada”, disse a nota.
A Prefeitura de São Francisco de Itabapoana comunicou a possibilidade de suspensão temporária de alguns serviços. Ressalta-se que os serviços essenciais ligados ao Resgate e às ambulâncias da secretaria municipal de Saúde serão priorizados, garantindo o atendimento à população.
Caso a paralisação continue, a secretaria de Educação e Cultura poderá nas próximas horas informar o cancelamento das aulas, bem como a secretaria municipal de Transporte. “Além disso, diversas outras secretarias também serão afetadas, como por exemplo, o atendimento no Centro de Convivência da Terceira Idade Nágme Jorge Abílio, da Secretaria Municipal de Trabalho e Desenvolvimento Humano”, também informou em nota.
Temer pede trégua e reduz valor do diesel
Antes do governo anunciar a redução do diesel por 15 dias, representantes dos caminhoneiros deixaram a reunião nesta quarta-feira, com ministros da Casa Civil, Transportes e Secretaria de Governo, afirmando que o governo não apresentou propostas que levem ao fim da paralisação da categoria. De acordo com o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores.
Em evento ocorrido à tarde, também no Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer disse que pediu uma “trégua” de até três dias na paralisação. “Pedi que na reunião se solicitasse uma espécie de trégua para que em dois, três dias no máximo, pudéssemos encontrar uma solução satisfatória para os caminhoneiros e para o povo brasileiro”, disse.
Temer frisou que o governo tem trabalhado desde o início da semana para encontrar uma solução para os caminhoneiros.
Desabastecimento: assombração sem fim
Crises que se repetem. No Brasil, o governo do presidente José Sarney também foi marcado por desabastecimento, corrida a supermercados, falta de produtos nas guândulas e salários congelados. Se passaram 30 anos do Plano Cruzado, o primeiro de uma sequência de planos de estabilização dos anos 80 para domar a inflação, mas a escalada dos preços continua atormentando a vida dos brasileiros.
Filas nos postos para abastecimento dos veículos
Filas nos postos para abastecimento dos veículos / Antônio Leudo
De lá para cá, entretanto, segundo economistas, o país teve importantes avanços e dramáticos retrocessos que condenam a economia. Hoje se encontra em uma longa e profunda recessão, com inflação alta e déficit nominal de 9% do PIB. “O déficit público e o crescente endividamento voltaram a ameaçar a estabilidade da economia”, alertam.
Venezuela — Um olhar rápido pelo muro do vizinho, na fronteira, a Venezuela mostra uma realidade que assombra. Os venezuelanos desde o ano passado convivem com o desabastecimento. Supermercados vazios, saqueados, que nenhum soldado seria capaz de conter as hordas por até três dias seguidos, como aconteceu em maio do ano passado. Os protestos contra o chavismo descambaram para saques desenfreados. (D.P.P.) (J.L.) (V.N.) (A.N.)

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