IF Maranhão emite nota de repúdio e cobra apuração de atos de racismo
Paul Vigneron 10/11/2017 14:16 - Atualizado em 14/11/2017 14:46
Alunos e professores fizeram ato contra o racismo
Alunos e professores fizeram ato contra o racismo / Antônio Leudo
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) publicou uma nota de repúdio aos atos de racismo contra alunos maranhenses, ocorridos durante esta semana, no campus do Instituto Federal Fluminense (IFF) de Campos. Os estudantes vieram ao município para participar do III Encontro Nacional de Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi). A discriminação resultou em um ato, que reuniu maranhenses e campistas, na manhã dessa quinta-feira (9), na sede do instituto.
Em nota, O IFMA afirmou que "manifesta repúdio a todos os atos que impliquem em discriminação de qualquer natureza. Dessa forma, a instituição se solidariza frente aos relatos de atos racistas em desfavor da delegação de estudantes e servidores da instituição que participam, desde a terça-feira, em Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, do III Encontro Nacional de Núcleos de Estudos Afro-brasileiros (NEAB), Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) e grupos correlatos da Rede Federal de Educação Profissional Tecnológica (III Enneabi)".
O instituto maranhense reforçou a importância "da valorização dos direitos humanos e considera que as instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica representam um espaço de transformação social. Eventos como o Enneabi possuem relevância social, pedagógica e devem servir como exemplo para um amplo debate em nossa sociedade".
A equipe do IFMA, que considera "fundamental uma apuração rigorosa frente aos fatos" e pede "que sejam tomadas todas as providências legais cabíveis", agradeceu ao apoio do instituto campista por ter se posicionado "com veemência contra os atos racistas relatados. Temos total convicção que os atos ocorridos não representam o pensamento de servidores e estudantes do IFFluminense".
Durante entrevista, o reitor do IFF-Campos, Jefferson Manhães, disse que eles já estão buscando identificar os responsáveis. "Nós estamos num processo de identificação. Algumas coisas são muito difíceis de serem caracterizadas, enquanto em outras coisas há uma possibilidade maior. Ontem (quinta-feira) eu tive uma reunião com a comitiva, eles ficaram de me mandar um relato mais detalhado de todos os episódios. Tem situações que, infelizmente, fica muito difícil de caracterizar, porque acontece num campo amplo, com um ao lado do outro. Mas, nós estamos buscando. O mais importante é que, a partir da reunião com eles, nós vamos ter a apuração, mas também um conjunto de ações no sentido formativo da nossa instituição. Isso será um tema ainda mais expressivo na formação inicial do nosso servidor, quando ele entra na escola, vai ser um tema tratado de maneira ainda mais intensa; na formação continuada; nos Neabis, que já têm uma atuação, mas de uma política institucional mais intensa."
O reitor reforçou, ainda, que serão realizadas ações para conscientização sobre o que ocorreu no campus. "No dia 10 de dezembro, que é o Dia dos Direitos Humanos, estamos buscando, junto com as outras universidades e o Ministério Público Federal, fazer um grande ato e um conjunto de ações, porque o que aconteceu no nosso instituto, acontece, às vezes de maneira velada, em vários espaços da sociedade, seja dentro ou fora da escola. A questão é que, no momento que esses jovens chegam aqui, já com uma formação, ainda mais apurada, em que tenciona algumas relações, isso vem à tona. Talvez, aqui na Região Sudeste a gente trate isso de maneira velada, ache que é brincadeirinha, que isso é sempre assim. São questões muito graves. O que aconteceu vai fazer com que a nossa instituição tome ações colocando em discussão o preconceito, seja pela questão racial, geográfica, religiosa, de gênero, com uma pauta mais intensa. Verificamos que nós, como escola, estamos muito aquéns do que precisamos fazer".
O reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), Luis Passoni, também emitiu uma nota oficial, por meio de redes sociais, sobre os atos de racismo. "A Uenf vem a público se manifestar contra qualquer tipo de discriminação, violência e assédio; repudiando manifestações de desrespeito à diversidade como as que, lamentavelmente, ocorreram no IFFluminense nesta última quinta-feira. A Uenf e o IFFluminense seguem parceiros na missão de formarem cidadãos conscientes e afinados com o que as instituições Ensino Públicas e Gratuitas se propõe, respeitando a diversidade e a multiculturalidade que estão entre as marcas do povo brasileiro".

ÚLTIMAS NOTÍCIAS