Casas são demolidas na Linha e famílias transferidas para Morar Feliz
Paula Vigneron 24/07/2017 14:10 - Atualizado em 25/07/2017 15:40
Casas foram demolidas e moradores retirados
Casas foram demolidas e moradores retirados / Supcom
Vinte e oito casas da comunidade da Margem da Linha, em Campos, foram demolidas na manhã desta segunda-feira (24). As famílias às quais pertenciam as residências foram transferidas para o conjunto habitacional Morar Feliz, em Ururaí. A mudança foi definida após residentes entrarem em acordo com a Prefeitura para o reinício das reformas das construções por conta dos próprios moradores. As casas, que estavam prontas para serem entregues à população, tiveram materiais furtados e foram parcialmente destruídas.
Diretora do programa Morar Feliz, Regina Campista explicou que, inicialmente, o objetivo era demolir 32 casas enquanto outras 32, no conjunto Morar Feliz, estão passando por melhorias. Mas, devido à dificuldade financeira dos moradores, para a conclusão das reformas, o número foi reduzido para 28. “Tiraram caixa d’água, telha, porta, janela. Eles estão reformando com recursos próprios. Para os que conseguiram reformar, nós vamos dar toda a documentação hoje”, contou, ressaltando que, para os outros, os documentos serão entregues à medida em que as obras forem concluídas.
Até o momento, 468 famílias foram transferidas para Ururaí por meio do programa Morar Feliz. Para concluir esta etapa, faltam as 32 — totalizando 500 —, cujas futuras moradias estão em processo de reconstrução. O prazo para a transferência dos moradores que solicitaram a mudança para o conjunto habitacional será definido por eles e respeitado pelo governo municipal. “Foi um acordo deles com a secretária (de Desenvolvimento Humano e Social, Sana Gimenes), que falou com o prefeito”, esclareceu.
— Para as famílias, está sendo muito importante, tanto que partiu delas o desejo de ir para lá, mesmo depois de as casas terem sido saqueadas. Todos foram para o mesmo conjunto, onde estão os outros moradores. Vão ser vizinhos, como se o bairro tivesse sido transferido — ressaltou a subsecretária municipal de Desenvolvimento Humano e Social, Elma Coelho, que acompanhou, na manhã desta segunda-feira, a demolição das casas na Margem da Linha.
Segundo a secretária de Desenvolvimento Humano e Social, Sana Gimenes, a entrega foi decidida após uma reunião, onde os próprios moradores sugeriram fazer a mudança e arcar com as despesas de algumas reformas que faltavam para as entregues. “Apesar das dificuldades financeiras que o município tem passado e dos problemas judiciais que envolvem o Morar Feliz, estamos preocupados em oferecer condições mínimas para a habitação dessas famílias. As casas que foram entregues já estavam prontas desde o ano passado, mas foram depredadas ao longo do tempo. Então os moradores fizeram essa solicitação e nós observamos que faltavam alguns reparos que foram custeados pelos próprios moradores a pedido deles”, explicou.
Apesar da resistência de parte da população que vive na área, ela explicou que a negociação com o poder público começou pelos habitantes da comunidade, que, segundo ela, propuseram realizar a reforma. “A gente até sabe que, mesmo as casas estando prontas e sendo saqueadas, a Prefeitura poderia ter reformado. Mas, nas condições em que estamos, íamos demorar muito. Então, eles se prontificaram”, detalhou.
Morador da Linha há 45 anos, o servente Reinaldo Guimarães Rodrigues, 52 anos, contou que a mudança para Ururaí, que aconteceu há seis meses, tem pontos positivos e negativos. “Estamos gastando com a casa, que está toda destruída, só com ajuda dos familiares. Não tinha porta, janela, vaso. Eu que comprei e coloquei. Até os pisos foram danificados. Por outro lado, foi bom. Porque, aqui, não passa ônibus perto e, quando chove, tem muita lama. Lá, não. É tudo pista e fica mais tranquilo”, contou. A residência em que ele morava, na comunidade, foi demolida na manhã desta segunda.
  • Casas demolidas na Margem da Linha

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Intervenção da Justiça — Durante o processo de transferência dos moradores da Margem da Linha — considerada como área de risco — para Ururaí, ocorreram diversas manifestações e foi necessária a intervenção judiciária. A diretora do Morar Feliz explicou que, após o cadastramento, em 2011, para a construção e posterior entrega das casas do conjunto habitacional, casas da Linha foram vendidas para outras pessoas, que também começaram a exigir uma residência em Ururaí. Em outras situações, parte dos parentes ficava na residência para impedir a demolição.
Foram presenciados, também, casos em que as construções foram subdivididas e os moradores, que tinham direito a somente uma residência, pediram novas moradias.
— O levantamento de área foi feito em 2011. Quando você volta em 2014, 2015, uma casa virou três, quatro, cinco. Foram feitos outros cômodos, por exemplo. Aí, em um quarto, mora filha. No outro, filho. Eles queriam mais de uma casa. Por isso, houve manifestação e intervenção da Justiça — contou Regina.

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